sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

John Baptiste Timótio da Silva

Afinal não falava português, mas John da Silva é mesmo um "postal" obrigatório em Zanzibar. Ou, melhor, em Stone Town. Este goense que também tem nacionalidade portuguesa é, muito provavelmente, o cidadão que melhor conhece a ilha e a sua história. Recebeu-nos amavelmente em sua casa enquanto se predispôs a conceder-nos uma "entrevista". Mostrou-nos vários livros e artigos de imprensa em que é retratado e retrata Zanzibar. A pintura é, curiosamente, a melhor forma de o fazer. Mas também é perito em fotografia e não se envergonha na escrita.
Despedimo-nos da cidade com barrigada de Pizza Zanzibar. A noite ía ser longa. Levamos duas cada um para o ferry, onde iríamos passar a noite. Partimos às 22:00 e só às 06:00 estaríamos autorizados a desembarcar em Dar es Salaam, poiso porto tem horas de funcionamento. Comodamente instalados na zona VIP (as nossas amigas islâmicas fizeram questão de escrever "VIP"no bilhete, mas não sabiam dizer o que significava esse "valor acrescentado"), não tardou muito até pedirmos os nossos colchões para os espalharmos no cómodo chão. No andar em baixo, eram às centenas apinhados no chão e no convés. Os 20 dólares ao menos servem para algo...Já em terra, foi um contra-relógio para apanhar o bus para Matwara. Saía às 06:00, mas já eram 06:30, pelo que tivemos de apanhar um taxi e, com um "gimbras" locais, em grande velocidade até uma estação a Sul onde apanhámos o velho autocarro, de saída. Pediram-nos 30.000 shillings, pagámos 20.000, mas devíamos ter dispendido apenas metade. Mas em África, a côr conta e a do dinheiro está patente em tons de... branco. Sabíamos que uns 600 km em autocarro marado da "Southern Express" iam ser dose, mas desconhecíamos que o motorista era completamente louco, "voando" a mais de 120 km/hora em caminhos de terra polvilhados de buracos e lombas. Adivinhem? Sentámo-nos na penúltima fila, sinónimo de que íamos sentir cada um dos (inúmeros)altos e baixos que o nosso corpo acompanhava com dorida paciência. Mesmo tomando precauções para evitar graves danos de coluna, Batista e Morais não evitaram ferimentos. Os braços têm marcas da violência da viagem. A ver se a crosta dura até Portugal...A cerca de uma hora do fim da viagem, "engasgou" e parou. Faltava gasolina. A bomba estava a uns meros dois ou três kms, mas estivemos quase uma hora parados. Já na confusa estação de Mtwara, negociámos rápida incursão para a fronteira, mas quando vimos que íamos viajar na traseira de uma pick-up por 40 km em caminhos de cabras, decidimos poupar o nosso já muito desgastado corpinho. Em boa hora o fizemos. A fronteira moçambicana fecha às 17:30 e jamais chegaríamos a horas. Teríamos de pernoitar no mato...

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