segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Liliana

O que poderemos dizer desta beleza transmontana que decidiu poisar em terras africanas, onde a sua alma se sente mais em paz, onde o seu espírito vive em perfeita harmonia?

Um rosto belo e esguio, uns olhos que ganham beleza e intensidade adicional com longas pestanas, 45 kg sabiamente distribuídos... mas não são estas as qualidades que mais nos impressionaram.

Foste uma verdadeira AMIGA (o Morais já nos tinha avisado, uma anfitriã incansável que se aplicou (e conseguiu, superando as melhores expectativas) por nos fazer sentir bem, em casa. Abandonou o seu lar para nos deixar à vontade (sim, mais valia mesmo ficar longe de nós, poisnão somos de confiança. Não com alguém assim... lol) e esteve presente sempre que precisámos. Mostrou-nos parte do melhor que há na Suazilândia e fez-nos amar este país. Certamente, sem a Liliana a nossa experiência teria sido bem diferente. Só pecaste em não ter metido meia dúzia das tuas melhores amigas em casa para nos alegrar o fim de noite... mas nem tu és perfeita, Liliana :)

Para reviver todos os bons momentos que passámos juntos, está combinado um jantar em casa do Batista no Porto nestas férias. Não te atrevas a faltar...

Graças a ti, também a nossa alma passou a ser um pouco Suazi...






sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

House On Fire

Não há melhor (ou pior) forma de nos despedirmos de um país e Continente que nos entraram no coração do que uma noite no House on Fire.
Faz parte do complexo onde almoçámos no primeiro dia (tem ainda mais três lojas de maravilhosos e estilosos produtos artesanais, infelizmente apenas para carteiras demasiado recheadas).

O pretexto foi um concerto do Bholoja. Todos nos tinham dito que o homem era bom (tinha acabado de chegar de Paris, onde foi gravar o seu primeiro CD, patrocinado pela Aliance Française), mas não imaginávamos que ia incendiar a casa daquela forma. Versátil no estilo musial, com uma atitude energicamente africana em palco, em breves segundos meteu uma multidão a dançar na pequena pista em frente ao palco.

O House on Fire é um espaço incrivelmente cativante, com toda a complexa estrutura a fazer lembrar Gaudi. Adaptado a África. Um palco com um anfiteatro em frente e várias "tribunas"que não passavam de espaços para jantar com vista privilegiada para todo o acontecimento. A decoração... "simplement, fantastique" (tentem dar-lhe um tom franciú).

Obviamente, juntamo-nos à festa e curtimos até ao limite, pois a Liliana e o Vuci tinham compromissos na manhã seguinte (tal como nós, apanhar transporte às 07:00). Foi uma despedida dura, masmemorável de um local ao qual vamos, certamente, voltar. E, como repararam, toda esta excitação e nem falamos de garinas neste post...













Dolores & Vuci

Liliana deu-nos o privilégio de privar com duas figuras que marcaram muito positivamente a nossa passagem pela Suazilândia.



Dolores e Vuci foram duas delas.

Dolores representa na perfeição Mama Africa. Uma jovem idosa que decidiu apostar na recuperaçãoe promoção da cultura gastronómica Suazi, fazendo-o numa casa fora de mão, mas que vale a pena procurar entre as verdejantes montanhas.
Quando demos por ela, a mesa começou a ser inundada de iguarias de toda a espécie. Uma mesa idílica que nos fez desafiar os limites da nossa voracidade. Foi até cair para o lado... Bom vinho sul africano tornou tudo mais fácil... ajudou a que o ambiente ganhasse um intimismo singular, que perdurará nas nossas mentes até ao além (esperamos que exista). Dolores sentou-se à nossa mesa (Vuci já o tinha feito, também) e acompanhou-nos no vinho e em muitos dedos de conversa. Impressionante os seus conhecimentos culturais à escala global,o que inclui os portugueses. Fala um pouco a nossa língua, conhece vários pratos e tem um carinho pelo nosso país de fazer inveja a alguns ditos patriotas.

Vuci é manager de bandas de música. Um jovem de 36 anos que revela uma inocência e pureza únicas. Coração igualmente aberto, do tamanho do Mundo, e, mesmo parecendo inexperiente, revela conhecimentos e pensamentos surpreendentes. Principalmente para alguém que nunca saiudo reino e nem sabe muito bem como funciona a internet. Super interessante tudo o que nos disse sobre o seu reino, as tradições de um povo que, em muitos aspectos, parece viver ainda na idade Medieval. No bom sentido, entenda-se. Revelou-nos ao almoço que era o seu aniversário e levou com uns "parabéns a você" cantados na língua de Camões. Gostou. Com ar de miudo envergonhado, agradeceu. Nós é que agradecemos tudo o que nos permitiu saber sobre si (já está à coca de uma "boa vaca gorda" como presente aos futuros sogros para pedir a sua amada em casamento) e o seu fabuloso país.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009














SARDINHADAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!



E se de repente, num pequeno reino encrustado entre dois gigantes e longe do mar, quatro portugueses apanhassem uma barrigada de... SARDINHAS???? YESSSSSSSSS!!! Foi assim a nossaprimeira noite. O Centro Desportivo Português, bem no coração de Mbabane, foi o palco da festa. Chegámos ligeiramente atrasados (na verdade, já não havia ninguém na festa), mas o presidente do clubefoi generoso e levou-nos para o local da farra. Mandou vir umas duas dúzias de sardinhas elá tratámos de as meter na braza, ainda bem viva.Liliana Liliana... trazes-nos para cada caminho... Não sei se referimos, mas o vinho tambémfoi à descrição :) E ali estavamos, numa grande tenda junto à piscina, a milhares de quilómetrosde casa, a saborear boas sardinhas portuguesas, preparadas com o nosso insuspeitável know-how.
No fim, ainda houve quem emborcasse wisky a... 80 cêntimos! A rondar os 3.7 gramas de álcool no sangue, o Morais fez questão de conduzir de volta a casa. Como na Suazilândia se conduz pela esquerda, não podíamos ter encontrado melhor solução: foi um tirinho até casa!

Endlish, na terra dos Suazi! (Swaziland, para os "distraídos")


Quando a vimos esgueirar-se por entre a chuva, como que a dançar, ainda não sabíamos que Liliana ía ser tão importante nas nossas férias. Foi uma tonelada de cerejas em cima do boloque foram estas férias. Mas, Liliana, vamos guardar-te para mais tarde...
Nada como o conforto de sermos recebidos por uma cara conhecida (do Morais) em terra estranha, ainda para mais quando reinava a confusão e chovia. Em 10 minutos já estávamos na sua casa,gentilmente cedida para AfricaTrio repousar nos últimos dias desta aventura. Uma "cottage" de sonho, onde tivemos todas as mordomias. Em condomínio fechado. Não merecíamos ser estragados com estes mimos.
Fomos ao mercado de Manzini (as compras não foram muitas), a cidade mais industrial do Reino da Suazilândia, e fomos almoçar a meio da tarde ao paraíso do Malandala's. Um restaurante todo em palhota com uma vista deslumbrante e um ambiente todo ele se selvagem requinte, noqual nos sentíamos perfeitamente confortáveis.
Na segunda noite fomos ver um concerto ao Jazz Friends/Amigos do Jazz (não é tradução, é mesmo assimque vem na placa), uma cena muito experimental, em que os músicos iam chegando às pingas efazendo as afinações enquanto os outros tocavam. O pub tinha mais aspecto de casa de alternedo que o Gipsy (com ar muito respeitável), mas mesmo assim arriscámos e comemos do seu famosofrango. Meio para cada um, feito directamente com chamas de gás propano. Quando, ao final da noite, o Batista viu as cozinheiras limpar a cozinha, vislumbrando com nítida clareza ondas de gordura escura... imaginámos uma noite de intensa actividade no WC, mas,felizmente, tudo não passou de falso alarme.
Ao terceiro dia, destacou-se o passeio pela Suazilândia rural. Em meia hora, já não havia sinais de asfalto e lá nos aventurámos os cinco (Vuci, manager de vários talentos e com vasto conhecimento da cultura suazi, fez-nos companhia várias vezes) num Nissa Micra, que avançava corajoso, qual Hummer em terreno adverso. As paisagens foram fabulosas. Ficámos a perceber porque é que este reino tem um elan tão especial. São as pessoas com saudável orgulho, uma cultura singular ainda pouco corrumpida pelo mundo ocidental (não faltam tentativas, nomeadamente das varias ONG's que só apoiam os carenciadoscaso estes cumpram com determinados pressupostos que violentam claramente a sua cultura e princípios), as paisagens.... é TUDO! Fica a dica... venham à Suazilândia!

As 1001 noites de Maputo

O CocoNuts não é o único espaço de diversão nocturna de Maputo. Bem pelo contrário! Com um calorzinho agradável, o impossível era ficar em casa. Por isso, nunca ficámos.Vamos dividir esta rubrica em secções:

Stewart Sukuma

É uma das maiores estrelas do "show bizz" moçambicano. Um músico com carreira internacional.Amigo do peito do Adriano, intimo do Morais, combinámos encontrar-nos no Gil Vicente, um dos espaços predilectospara actuações ao vivo em Maputo. Easy-going guy, Stewart é um "monstro" em palco, galvanizando qualquer plateia. Tivemos a oportunidade de o ouvir actuar, bem como a outros artistas moçambicanos. Cool. Sim, Cool!Stewart aparenta ser trintão, mas a verdade é que já é avô e tem já uma longa carreira, que por várias vezes passou por Portugal. Foi um prazer, brother!




Piri-Piri

As noites picantes de Maputo são bem conhecidas, tal como o Piri-Piri. Até Cavaco Silva já lá foi. As expectativas eram naturalmente quentes, mas ficámos algo defraudados. Paga-se bem, mas o serviço e a comida não estão à altura do preço, bem puxadinho para a realidade do país. De qualquer forma, o mais importante é que se tratava de um jantar bem português: Uma "trupe" de Lisboa (três donzelas e um moçoilo) dos conhecimentos do Batista juntou-se a nós para um programa lusitano. Jantámos e fomos novamente ao Gil Vicente. Esperávamos música africana, mas saiu um misto que não encheu propriamente as medidas ao pessoal.
Seja como for, o melhor estava reservado para o fim. Gonçalo, que trabalha em Maputo, ofereceu-nos boleia no TT com capacidade para quatro pessoas. O problema é que éramos sete... Nem 1 km fizemos e já a "moina" nos estava a mandar parar. O representante da autoridade fez-se à "gorjeta", mas preferímos ir para a esquadra. Escoltados com toda a pompa, quase como chefes de Estado. Ficámos meia hora à espera de novidades do nosso amigo (não houvimos gritos, sinal de eventual espancamento) e entremo-nos em frente à esquadra a contar anedotas.
Foi divertido. A multa foi de 500 meticais... mas a opção foi não pagar. "Afinal, daqui a dois dias vou embora para Angola", sorriu Gonçalo, sabidolas quanto às tradições moçambicanas.



Gipsy (contém cenas eventualmente chocantes)

O Loureiro aterrou na cama, mas Batista e Morais decidiram confirmar a fama do Gipsy. Afinal,nestas férias não tinha havido ainda uma clara exploração do sub-mundo nocturno (leia-se, prostituição). O taxista fez questão de nos levar ao interior do bar, mas em 20 segundos já estavamos cá fora a percorrer a rua de lés a lés. Não fizemos o pleno, porém podemos assegurar que rara foi a menina não cumpriu com o manual de boas maneiras, convidando-nos para "prazer". A oferta era variada e ia dos 350 aos 1.000 meticais. A qualidade da "fruta" também era diversificada. Curiosamente, a única que em situação de perda total de juízo poderia valer a pena (relembrámos a promessa e código de honra de JAMAIS pagar por sexo) o despreendimento total pelo dinheiro, custava apenas 400 meticais. 10 eurinhos por uma Deusa do prazer....

Acabámos por voltar ao Gipsy e sentámo-nos a ver resumos da Liga dos Campeões. Ao contrário do esperado, ninguém atacou. Verificámos uma e outra vez, mas era verdade que não cheirávamos mal dos sovacos. Nem mau halito, ao que parece. Teria sido do invulgar pedido de... água das pedras?! De forma natural, passados alguns minutos já privávamos com duas "ladies" de aspecto... aceitável.

- "O que fazes aqui?", perguntou, socialmente, o Batista.

- "Broches", respondeu, naturalmente, Mimi.

- "Como??"

- "Broches, cu e foda completa", acrescentou. "Tudinho por apenas 350 meticais".

Fiquei esclarecido. Paralisado. Sem saber por onde continuar a conversa. Do outro lado da mesa, Morais perguntou a Carol se os óculos tinham graduação.

- "Não, são apenas para o estilo. Sou a Doutora do Caralho", vincou, dando uma estridente gargalhada, que se alastrou ao pequeno grupinho.

Mimi parecia estar noutro planeta e Carol revelou-se uma curtida, pelo que estivemos na conversacom ela uns 20 minutos. Tentamos convence-la a mudar de vida, mas, aos 28 anos, garante que ainda tem uma "longa carreira pela frente".Pelo menos, sentido de humor não lhe falta. E as piadas eram gratuítas...














Lovely Maputo

Foi dose encontrarmos local para ficar. Disseram-nos que seria fácil, mas verificámos o contrário. Almoçámos um arrozinho de marisco no Cristal (sim, um dos múltiplos restaurantes de portugueses)e lá deixámos as malas para irmos à procura de estadia. Depois de vários "estamos lotados", metemos as malas num taxi e fomos procurar numa zona não muito distante. Ao entrarmos na Pensão Martins (propriedade de indianos, de Goa), um "feeling" disse-nos que ali íamos ficar bem e assim aconteceu. Um quarto amplo com uma cama de casal e duas de solteiro, internet à "pala" e uma deliciosa piscina, uma surpresa inesperada.
Maputo não é grande, pelo menos a baixa e a zona "in", onde andámos mais tempo. Sábado visitámos o famoso Mercado do Pau, na rua, onde fizemos as melhores compras. Artesanato é ali mesmo.Fomos diversificando os restaurantes e em todos eles ficamos fãs. Sem dúvida, come-se muito bem na antiga Lourenço Marques. No "Assador Típico" terei comido dos melhores polvos àlagareiro de que me lembro. Quatro enormes tentáculos deram imensa luta e confesso que o último não chegou a ser completamente devorado... shame on me...
Domingo almoçámos com o Peixeiro, o Fernando que é o delegado da Lusa em Moçambique. Levou-nosa um local onde o marisco é divino. Mostrou-nos depois uma aldeia de pescadores. Tomámos café mais duas vezes. Sem dúvida, está a dar-se bem por Moçambique...O mesmo se aplica ao Miguel (outro amigo do Adriano) com quem almoçámos no Mundo's, talvez o melhor restaurante que encontrámos em Maputo. Deu-nos preciosas dicas para a Suazilândia e contou-nos como pode ser boa a vida de quem tem know-how e é persistente para vencer além-mar. As vivendas de antigo estilo português albergam, na sua maioria, ocidentais, que trabalham na capital. A presença estrangeira volta a ser muito notada. A de portugueses, principalmente.
Inicialmente íamos ficar três ou quatro noites, mas o jovem Loureiro veio para férias sempáginas livres no passaporte e ficou a saber que assim não poderia continuar viagem. Mesmo com contactos, tirar o passaporte provisório demorou dois dias (sim, no consulado portuguêsfazem questão de trabalhar ao ritmo... africano! Nem o "toque" do Fernando Peixeiro permitiu ter as coisas prontas no próprio dia), o que mudou os nossos planos de viagem,prolongando a nossa estadia em Maputo. Bem aproveitada, embora preferíssemos ter seguido viagem mais cedo...

Coco... NUTS!!!!!!!!!!!

O avião ainda mal tinha tocado o tapete e Coconuts era já um nome que martelava o nosso interesse, estimulava a nossa ilusão. Era sexta-feira e essa é uma das noites em que este espaço de dança nocturno é aconselhável aos turistas que procuram "enturmar-se" com o ambiente deMaputo. Não ficámos desapontados... bem pelo contrário!
Chegamos cedo - 00:30, pois fomos informados que às 23:00 já a pista estava a "bombar" - e, deparando-nos com o espaço "vazio", duvidámos da primeira impressão. O engano durou pouco, pois,progressivamente, as beldades de Maputo começaram a desfilar pela pista de dança e todo o espaço exterior, em torno da piscina. Ao lado, a animação começou mais cedo na noite VIP (500 meticais, uns 12.5 euros)com um concerto ao vivo, mas optámos pela noite "normal", que se ficou pelos 300. Quando caímos em "nós", já o Coconuts funcionava com o pleno vigor com que as meninasolham para todo e qualquer turista: "branco é... banco".
A beleza - em vários casos, estonteante - das africanas fazia-nos duvidar da ideia clara deque a esmagadora maioria das jovens estava ali ao "ataque", mas, após consultar várias fontese analisar comportamentos, não restaram muitas dúvidas.Diz-se que o desemprego em Maputo chega aos 70% da população activa e que há que alimentare ajudar a família. Esse é um dos motivos que leva demasiadas jovens a permanentes encontrossexuais com turístas ávidos de sexo. Ainda mais, quando se deparam com mulheres deslumbrantesa preço de saldo... Não nos atrevemos a perguntar - sim, nenhum de nós pagou, paga ou pagará algum dia por sexo - mas indagamos vários taxistas e a média do "tombo" ronda os 200 meticais, uns míseros cinco euros.
Noventa por cento dos estrangeiros no Coconuts são portugueses. E havia vários "profissionais", a movimentar-se com um à vontade surpreendente. Não fomos os únicos lusos a repetir a noite... Esquecendo o lado negro da questão, o Coconuts é mesmo um espaço que vale a pena frequentar, pois a diversão e animação estão garantidos, com boa música e gente bonita. Sim, apesar do"ataque", todas as moçambicanas (e moçambicanos) são simpáticas e uma conversa agradável. Por tudo isso, voltámos no sábado. O regresso ao hotel fez-se novamente à hora do pequeno almoço, que iniciava às 07:00. Ficou o desejo de voltar...













terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Também andamos de avião (só fica a faltar o comboio)

O calor esmagava. Literalmente! Não havia forma de refrescar a noite tórrida. Nem as ventoinhas que nos acompanham de "hotel em hotel". Batista e Morais derreteram, enquanto o "boizante" do Loureiro, a partir de meio da noite, refrescou com o... ar condicionado. Pois é... em terra de cegos, quem tem olho... refresca!Eram 04:30 quando já estávamos a pé. Às 05:00 era suposto o chapa de Nampula apanhar-nos. Sim, suposto. O Loureiro, que tinha ido ver o nascer do sol ao mar, logo percebeu que íamos "lerpar" e apressou-nos a ir para o local de encontro combinado. Nada... nada... até que chegou uma jovem, de mala, que também ía para Nampula. Recusou-se a esperar onde estávamos e seguiu para a ponta da ilha. Acompanhamo-la. Afinal, sempre conhece a realidade melhor que nós. "Para Nampula já partiu", garantiram-nos. Subimos então para um chapa que ía para outra localidade, Nacala, mas em que 1/4 do trajecto era o mesmo que para Nampula. Na traseira de uma carrinha de caixa aberta (para nós, já é como se andássemos de BMW) lá partimos em contra-relógio, a ver que a nossa vidinha se ía complicar. Mais uma vez, novo recorde para o Guiness Book. Onde caberiam umas 15 pessoas, conseguiram enfiar ligeiramente mais do dobro. Valia tudo. Não ficou um cm2 para alguém se mexer. Mais uma vez, o claro tom de pele acabou por valer alguns "direitos" (já que também pagámos mais do que os restantes, ao menos tivemos direito a ir sentados). Por 10 meticais (uns 25 cêntimos de euro), comprámos uns 3 a 4 quilos de mangas. Quase o mesmo que em Portugal...Antes de cumprirmos 1/4 do percurso, ultrapassámos a arrastadeira que tinha partido mais cedo para Nampula. No meio da estrada, acabámos por trocar de veículo. Quando vimos a velocidade a que se movimentava, ficámos loucos! Aquela média, dificilmente apanharíamos o avião às 10:15. Lá fomos pressionando... mas aquilo não dava mesmo para mais. À hora que nos garantiram estarmos no aeroporto, faltavam uns 60 km de estrada. Algo manhosa. Exageramos no stress para que o demasiado tranquilo motorista tivesse o pé mais pesado. Ganhámos adeptos e simpatizantes, desejosos de que apanhássemos o avião. Acabámos por "forçar" o motorista a desviar-se da rota habitual para nos deixar em pleno aeroporto (também não andou mais de 500 metros). Hugo Neto e Tiago esperavam-nos para nos dar as malas e receber as chaves de casa. Fomos para o fim da fila do check-in para Maputo e, aliviados com as malas despachadas, ouvimos na instalação sonora: "o vôo XYZ para Maputo está atrasado uma hora e quarenta minutos". Haja paciência... Não caímos e acabámos por aterrar em segurança, depois de ver Maputo desde os céus.






Ilha de Moçambique

Perder mais três ou quatro dias em machibombos deixou de ser opção. Já tivemos experiências de sobra neste belo meio de transporte moçambicano. Queremos aproveitar melhor Maputo (ao fim-de-semana, claro!!) e o resto da viagem. Assim sendo, optámos por voar. Levantámos cedinho e fomos à LAM. Confirmámos a reserva e pagámos uns 155 euros para fazer Nampula/Maputo. Ainda assim, um sorriso valeu um desconto de uns 30 euros a cada um. O Batista vai cobrar isso no fim.. vai vai..
Enfiados num chapa, partimos para a Ilha de Moçambique. Esperámos que uma hiace de 12 lugares tivesse umas escassas 25 pessoas dentro (todas enlatadas, menos nós, várias em pé) e arrancámos para uma viagem de cerca de três horas. Onde havia très lugares, cabiam, no mínimo, cinco.Á porta da Ilha de Moçambique, a primeira capital portuguesa no país, trocámos para um meio de transporte mais "leve", pois a toyota não caberia na estreita ponte de ligação, com cerca de 3 km. Já comodamente instalados em casa cedida pelo Hugo Neto, partimos à aventura, tentando conhecer a ilha de uns 3 km de comprimento e 600 de largura, uma verdadeira babilónia de culturas e religiões, bem patentes em cada edificio e habitante local. Infelizmente, a Ilha já não é o que era. O que foi uma povoação próspera e organizada (pudemos confirmar isso em fotos anteriores ao 25 de Abril de 1974) não é agora mais do que um amontoado de quase ruinas, que alguns turistas tentam, lentamente, recuperar, com investimento em restaurantes, bares ou pousadas de sonho. A ideia é dar outra cara a um local mágico que tem tudo para ser um cantinho muito especial neste planeta.
Umas 2.000 fotos depois (livra, Morais!!!), e depois de nos descartarmos de um "guia" que nos ameaçou fisicamente (com recurso a amigos, claro) por receber menos do que queria (por hora e meia de indicações "vulgares", pagamos-lhe um dia de trabalho de salário "principesco", mas soube-lhe a pouco). Ameaçou-nos, mas relevamos e não o levamos a sério.
O pôr-do-sol foi invulgarmente... de merda! Sim, literalmente. Como não há saneamento básico, toda a gente (apenas os locais, claro) vai "arrear" à praia, onde as ondas morrem. Decadente, em águas que, ainda assim, parecem paradisíacas. Daí a que só uma praia é segura. Mas, claro, não arriscámos. A solução é alugar um barquinho e ir para uma das várias ilhas desertas à volta.
A Relíquia foi o local escolhido para um dos melhores jantares das férias. Esplanada junto ao mar, velas, musica de fundo, outros portugueses a polvilhar algumas mesas... Tudo tranquilo, tudo excelente!No fim, fomos a um bar. Flora, de nome. No terraço por cima do restaurante. Um lugar mágico e edílico. Com uma vista privilegiada para as estrelas. Sim, tivemos espaço para nos deitar nas almofadas e cada um curtir o momento à sua maneira. Durante longo tempo, apenas silêncio e peito cheio.... No meu caso, ao som desta música...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

domingo, 6 de dezembro de 2009

Um pulo até Nampula

Esta é a cidade que faz parte do imaginário da Sandra, sua terra Natal. Tem saudades das cores e aromas da terra. A Emília também foi "feita" em Namputa (com este calor, certamente muita mais gente foi feita aqui). Nossas boas (literalmente) amigas, a Nampula de que guardam memórias já é passado, uma ilusão.

À semelhança do que acontece um pouco por todo Moçambique, os portugueses deixaram saudade.
Fizeram obra e integravam a sociedade de um país bem mais organizado e moderno. Nos últimos 30 e tal anos, os nativos nada construíram e deixaram quase tudo ruir, incluíndo os pilares de uma comunidade que, ao que nos asseguram, é agora bem mais individualista e muito pouco "familiar". Esteticamente, não vimos pontos de interesse.

Hugo Neto, amigo do Batista e marido da Ana Luisa (nossa companhia em Pemba), foi-nos receber ao machibombo. O Hugo é o líder da Helpo (www.helpo.pt) em Moçambique e foi nosso cicerone no "mato", onde vimos "in loco" algum do trabalho de cooperação que a instituição desenvolve.

Já o sol tinha dado lugar à lua quando visitamos a missão católica liderada pelo padre Carlos Jacob, oriundo da Guarda há 12 anos. Para dois infiéis e um católico não praticante (Loureiro), o "senhor padre" foi uma benção. Obrigado pela simpatia... e pelo queijinho e chouriço que nos recordou os sabores da terra :)

O jantar em agradável esplanada interior foi acompanhado de boa música e de uma conversa com a simpática empregada, que tinha dificuldades em entender o humor de um quintento (o Tiago, da Helpo, completava o grupo) que passou momentos bem agradáveis...
Acabámos por seguir os conselhos dos nossos cicerones e decidimos voar para Maputo (2.800 km de machibombo, foi o que poupámos - Lisboa/Berlim por estrada, com menor qualidade).
Entretanto, enquanto não experimentávamos novo meio de transporte, fomos à Ilha de Moçambique, a umas três horas de viagem.

Stewart Sukuma











Dom Faria, Pemba já é nossa!


Ali estava ele: cabeludo, como sempre, e com um sorriso do tamanho de Moçambique. Fernando Faria, saudoso companheiro da SIC no Porto que há uns anos foi despromovido para a Capital. Nem tivemos tempo de pousar as malas, pois, poucos minutos após pisar terra firme, já estavamos a saborear o "chá" das cristalinas águas de Pemba (fora da cidade, pois, em muitas zonas, criminosamente, os locais, sem saneamento básico, defecam na praia).
Il Pirata foi o resort e praia privativa escolhidos para completarmos o dia. Um almoço em local paradisíaco e o desejo de voltar. O Faria instalou-nos principescamente na sua casa de praia, que em breve vai estar apta a receber turistas, num local paradisíaco em que um gigante embondeiro (são precisas umas 10 pessoas a dar as mãos para o abraçar) deixa a sua imagem de marca.
Em Pemba, relaxámos, conhecemos os hiper-simpáticos e hospitaleiros pais do Faria (Senhor Herculano e D. Celeste) e conhecemos alguns locais emblemáticos de uma cidade que já viveu melhores dias, antes de os portugueses terem sido forçados a abandonar o país, na apressada saída de África na transição para a também dura democracia. Faria lá andou nas suas apressadas lides enquanto nós pousávamos nos bares de praia, alternando mergulhos com cerveja/sumos naturais e almocinhos de praia: o jantar foi sempre em casa dos pais do Faria.
Ana Luísa, esposa do Hugo Neto, amigo do Batista, alegrou o nosso último dia completo em Pemba. Fez o favor de nos passear pela cidade, numa visita guiada que nos aproximou da realidade. Uma simpatia. Comunicativa e um bom exemplo da beleza lusa em África.
Em todos os sentidos. Após três noites, hora de abalar a novo destino. Os copos no Dolphin Pemba Bar (na praia) seguidos de visita tardia ao Farol, permitiu-nos dormir apenas hora e meia (perspectivaoptmista). O embaixador da Roménia em Moçambique foi uma simpatia e pagou-nos os copos. Pelos vistos era dia de festa no seu país. Agradecemos e ganhámos uma certa simpatia pelopaís que Ceausescu destruiu. O Senhor embaixador veio para ficar um mês e está em Moçambiquehá 20 anos. Não sabemos se chegou a resolver o "problema" que o trouxe ao país... Comprometemo-nos a estar no mochibombo às 04:30, mas eram 04:50 quando o fizemos e o TT do Faria deparou-se com um "monstro" em furiosa saída da garagem. Não se deteve, contornou o carro e zarpou. Mal despertos, ainda de para raciocionar e acelerar rumo à próxima paragem, onde, finalmente, conseguimos apanhar o "dito". Com emoção chegámos a Pemba, com aperto no coração a deixámos...

Até Pemba

Uma vez que íamos arrancar às 04:00 e estávamos num sábado à noite, não tratámos de estadia.Um motorista de machibombo convenceu-nos a viajar na sua companhia e logo arranjámos forma de nos livrarmos das malas.
À hora marcada lá estávamos (passamos a noite no bar ao ar livre mesmo em frente) e uma hora depois ainda percorríamos as ruas de Mocimboa da Praia à cata de mais clientes para a viagem que nos deveria deixar em Pemba às 10:00. Deveria...
Com o machibombo apinhado, pusemo-nos a caminho e, na primeira paragem fora da vila, ouviu-se um dos elementos da tripulação dizer para a multidão: "Só cabem 10, 15 no máximo!". Imaginam o resultado...Mesmo com largas dezenas de vidas nas mãos, o motorista (ambos estiveram no mesmo bar que nós beber cervejas até hora tardia) estava apostado em mostrar qualidades de piloto de rally e ziguezaguiava a velocidade louca pelas "estradas" de uma das zonas mais remotas de Moçambique.
Entre os vários sustos, houve um que nos cortou a respiração, pois imaginámos que tudo poderia ter acabado ali. Uma manobra louca de última hora, a uns 120 km/h num local onde nem deveria ir a 50 acabou por evitar a tragédia e colisão com outro veículo.A "speedar" daquela forma, não foi surpresa que, novamente, tivéssemos a má experiência de ver o machibombo ficar sem gasolina
a uns escassos 20 km da "meta". Nova seca até que, finalmente,Pemba se anunciou, curiosamente com a placa da cidade mesmo junto a uma enorme lixeira a céu aberto...