terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ngorongoro

Mesmo antes de entrar no jipe do Abraham, ficámos a conhecer ao pequeno almoço dois dos nossos três companheiros de viagem: John e Ann, dois belgas cinquentões, que em muito contribuíram para o êxito desta "expedição". Basta dizer que ele é botânico e domina todos os assuntos relacionados com fauna e flora em África. Foi ele quem nos abriu os "olhinhos" para muitas das coisas que aconteceram no Serengeti e Ngorongoro. E não foram assim tão poucas...
Michel, curiosamente uma inglesa de origem escocesa, completava o grupo. Branquinha, polvilhada de sardas, e oriunda de Zanzibar onde esteve duas semanas em serviço de voluntariado, que pagou. Uns 800 euros para ajudar os mais desfavorecidos. Pena que em Portugal este tipo deserviço comunitário e de ajuda ao próximo não esteja tão desenvolvido.

As apresentações ainda nao tinham sido feitas quando o grupo já estava unido... na indignação pela louca velocidade a que o jipe se deslocava. Podemos garantir que estivemos muito próximos de circular a 40 km/h. Sim, leram bem, não são 400, mas 40!!
Ninguém se calou e sobraram questões ao Julius (o suposto guia, que não passavade mero motorista). Em 20 minutos estavamos parados numa loja de "recuerdos" onde, para abreviar, basta dizer que sobravam máscaras africanas, que em Portugal se compram por 5 euros, a ser vendidas pela bagatela de 800 dólares!! Nada como uma boa gargalhada para desanuviar o mau inicio de aventura.

Trocados os jipes, e finalmente a rodar a velocidade aceitável, chegámos à entrada de Ngorongoro duas horas e meia depois. Começámos a subir e em 20 minutos pudemos avistara imensidão da cratera do antigo vulcão, agora transformada numa mega-planície onde pode ser "saboreada" uma boa "caldeirada" de animais... Gnus, zebras, warthogs, elefantes, leões, hipopótamos, giráfas... inúmeras aves que o John nos ia explicando... e uma paisagem de cortar a respiração. Como poucas no planeta!

Momentos deslumbrantes e um par de horas de sonho, sempre dentro da cratera, que parece ter sido desenhada por mãos divinas.

Saciada parte da nossa curiosidade, eram horas de abandonar a cratera e regresso à entrada do parque para seguir viagem no jipe original onde estavam as nossas mochilas e mantimentos para os três dias.
O que ia ser uma mera troca de viaturas, transformou-se numa imperceptível seca de mais de
duas horas. 20 minutos, na garantia prévia de Julius.
Cumprido esse suplício, lá fomos para o parque de campismo que fica numa das bordas da cratera.
Vários grupos de turistas já jantavam e nós, famintos e cansados, estavamos mais do que receptivos para fazer o mesmo.
- "25 a 30 minutos, no máximo", garantiu Gregory.
45 minutos depois, o Rui voltou à imunda cozinha comunitária para reformulação dos planos do jantar.
- "20 a 25 minutos. Não mais", voltou a asseverar o expedito cozinheiro do grupo.

Umas duas horas e meia depois estavamos, finalmente, a jantar. Já sem ninguém nas outras mesas, pois toda a gente já dormia para madrugar. O nascer do sol nestas paragens agrestes é quase mítico...

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